domingo, 30 de outubro de 2011

Mudar

Quem me vê hoje e que não me conheceu antes jamais saberia quem eu fui. Como se pudesse esquecer os anos passados, as experiências vividas, os medos superados, resolvi mudar. E mudei. Mudei as amizades, hoje me dedico a um novo círculo de relacionamentos que combina mais com o meu momento. E mudei meus interesses. Estou num mundo onde posso ter todas as experiências que quiser as pessoas que quise...r o divertimento que quiser tudo que quiser. Mudei meus hábitos. Já não vejo mais programas de televisão, não acompanho novelas, prefiro filmes, livros e seriados. Como se pudesse apagar os costumes e simplesmente esquecê-los, deixei de freqüentar os velhos lugares e já não ouço mais as mesmas músicas.
As preferências, as referências, os amigos, o gosto, o cabelo, o perfume. Como se mudar fosse fácil ou como se fosse possível eu mudei.
E como se pudesse fazer transplante de sentimentos e mudar tudo que sentia, eu resolvi que o esqueceria. E transplantei meu coração, o pensamento e o gostar. Não o esqueci. Mas passei a não lembrar .
 Postado Por: @pauliinhamoraes

domingo, 16 de outubro de 2011

O Outro

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor. 
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.